sábado, setembro 30, 2006

Até Mozart pode ser ...


Até Mozart pode ser inti-islâmico. A ópera Idomeneu foi retirada da programação de Novembro da Deutshe Oper, em Berlim, por conter uma cena em que um dos protagonistas aparecia em palco a segurar a cabeça decapitada de Maomé. O eventual "escândalo" cultural foi suficiente para ameaçar a segurança da audiência e dos funcionários de uma forma "incalculável"
Desta vez a única forma de não melindrar o mundo islâmico foi riscar Mozart do programa. Da próxima, será riscar Verdi, Puccini, bellini, Rosini, Bizet ou outro compositor, realizador, cantor, funcionário público ou até um pedinte que possa ofender o Islão.
Detalhe sem importância; ao lado da chocante cabeça decapitada de Maomé, aparecia também a cabeça decapitada de Cristo e a cabeça decapitada de Buda. Mas nada seria suficiente para revoltar os impiedosos cristãos ou os perigosos terroristas budistas. Nem para impedir o que quer que fosse. O importante é não melindrar o mundo islâmico. Continuamos a ir pelo bom caminho.
Revista "Sabado" 28 setembro 2006

sexta-feira, setembro 29, 2006

Peregrinando ao encontro de si mesmo


Era o ano de 1993. Eu tinha 23 anos e – como todos diziam – “uma vida inteira pela frente”. Recém-formado em Direito, antes de exercer a profissão, desejava viver uma grande aventura: imitar os passos dos peregrinos medievais, cruzando a pé a Espanha praticamente de ponta a ponta até a cidade de Santiago de Compostela. Uma viagem misteriosa de 800 quilómetros que duraria um pouco mais de um mês. Seria um tempo para pensar naquela “vida inteira” que estava por vir, fora dos bancos académicos.
Comecei em passos trôpegos numa manhã chuvosa desde uma cidadezinha francesa, Saint-Jean-Pied-de-Port, bem perto da fronteira com a Espanha. Para trás ficaram vários anos, mas lembro agora perfeitamente do cheiro de mato molhado pairando no ar junto com a neblina, ao subir com a mochila nas costas os Montes Pirinéus por trilhas de pastores no meio de pastagens e bosques desertos. Recordo até os pensamentos, a alegria de estar iniciando uma grande empreitada; como também, o medo, pavor de não conseguir. Sim, pois o assombro da derrota era, naquela altura, mais voraz do que os temores naturais naquele lugar nada familiar.
Eu era bastante radical para a idade: deveria completar o trajecto, sempre caminhando, a partir dos Pirinéus franceses, sem nunca ceder a tentação de tomar um autocarro ou apanhar uma boleia. Chegar, naquela época, era questão de honra, quase uma obsessão. Mas também, um prémio, troféu.

Em alguns dias adaptei-me ao quotidiano: acordar cedo, caminhar o dia inteiro (média de 25 quilómetros), passar por dezenas de povoados perdidos no tempo (com suas heranças magníficas, catedrais e castelos), e pela noite empanturrar-me de vinho (descobrindo as diversas nuances de acordo com os microclimas do norte espanhol à medida que avançava). O sol raiva pungente sobre meu rosto; por vezes a chuva. A mesma que beijava tanto minha face quanto os campos verdes ao meu redor.
Na mochila, levava sempre um cantil com água e algumas frutas, cujas sementes, eu deitava na berma da estrada. Imaginava que ali poderia crescer uma laranjeira, macieira ou videira, sei lá. Divagava que, no futuro, viria a alimentar um outro peregrino de passo por esta mesma estrada. Dormia em albergues especiais espalhados por toda a Rota. Outras vezes, ficava hospedado em mosteiros ou colégios católicos. Locais simples, rústicos até, mas com tudo que alguém com fome e extremamente cansado pode necessitar para transformar aquilo no Palácio do Sintra: uma cama limpa, cozinha, casas de banho. E só.

Ah, tinha também os amigos. Pessoas de todas as partes do mundo que se espremiam entre beliches e mochilas coloridas espalhadas pelo chão. Gente que eu nunca tinha visto na vida, mas que logo estava dividindo comigo um pouco de sua comida ou trocando informações sobre as trilhas. Todos dormiam juntos em um grande quarto, e na maioria das vezes, até o banho era dividido por homens e mulheres.
E assim foram passando as semanas – por certo as mais intensas de minha vida adulta. Dia após dia, milha depois de milha; montanhas, florestas, campos secos e cidades. O cansaço, por vezes a solidão. Não raro, achava estar louco por passar por tudo aquilo.

No Caminho de Santiago, deparamos com os nossos horizontes e com nossas fronteiras também. Descobrimos pequenas coisas que não notamos em nossa vida diária. Vemos o valor de um copo d’água por termos passado sede, ou de um pedaço de pão por termos fome. Um sorriso ou palavra de incentivo. No Caminho, damos de cara com nossos medos e vaidades. Nos perdemos; nos encontramos. E avançamos sempre a oeste. Rumo a Compostela.

Cheguei à cidade de Santiago numa terça, às 11:15 do dia 13 de Julho de 1993. Lembro-me como hoje de meu júbilo ao ver pela primeira vez as torres de pedra da imensa Catedral – onde o trajecto oficialmente termina. Durante meus últimos passos no Caminho de Santiago, vi que o melhor já tinha passado. Que “chegar” era apenas um detalhe. Pois as veredas do Caminho podem ter ficado para trás, mas não as suas experiências – isto sim, era o verdadeiro troféu! Aquele que eu guardarei para o resto da vida.
De lá até os dias de hoje, tentei passar esta minha experiência adiante. Assim como eu desenhei estas letras. Assim como as sementes que deitei à estrada. Se elas crescerão e um dia alimentarão outro peregrino que – como eu – cruzou aqueles campos mágicos, eu não sei. Terá valido a pena de qualquer forma. E muito!


Texto por Guy Veloso

domingo, setembro 24, 2006

Ate qualquer dia...


No primeiro momento em que soube foi o choque ...

Depois percebi que quando decidis-te estar cá neste momento e crescer neste mundo ... foi para aprenderes alguma coisa .. para evoluíres ...
Talvez esses teus propósitos já tivessem sido atingidos ... conseguis-te-o muito novo, por isso talvez o fim do teu caminho nesta tua passagem por cá .. por isso talvez ainda mais o choque para todos ...

Nada é por acaso por isso naquele segundo tinhas de estar naquele preciso sitio ...
Onde quer que estejas ... para onde quer que vás ..só espero que seja no caminho da tua evolução ...

Rapaz foste mesmo espectacular ... sempre estarás presente em todos os cá ficaram….
Grande abraço Pedro.

domingo, setembro 17, 2006

Alguns motivos pelos quais os homens adoram as mulheres!!!



1 - O cheirinho delas é sempre gostoso, mesmo que seja só cheiro de champô.
2 - O jeitinho que elas têm de sempre encontrar o lugarzinho certo em nosso ombro.
3 - A facilidade com a qual cabem em nossos braços.
4 - O jeito que têm de nos beijar e, de repente, fazer o mundo perfeito.
5 - Como são encantadoras quando comem.
6 - Elas levam horas para se vestir, mas no final vale a pena.
7 - Porque estão sempre quentinhas, mesmo que esteja fazendo trinta graus abaixo de zero lá fora.
8 - Como sempre ficam bonitas, mesmo de jeans, camisola e rabo-de-cavalo.
9 - Aquele jeitinho subtil de pedir um elogio.
10 - Como ficam lindas quando discutem.
11 - O modo que têm de sempre encontrar a nossa mão.
12 - O brilho nos olhos quando sorriem.
13 - Ouvir a mensagem delas na secretária electrónica logo depois de uma briga horrível.
14 - O jeito que têm de dizer "Não vamos brigar mais, não...", embora você saiba que dali a uma hora...
15 - A ternura com que nos beijam quando lhes fazemos uma delicadeza.
16 - O modo de nos beijarem quando dizemos "Eu te amo!".
17 - Pensando bem, só o modo de nos beijarem já basta.
18 - O modo que têm de se atirar em nossos braços quando choram.
19 - O jeito de pedir desculpa por terem chorado por alguma coisinha.
20 - O facto de nos darem um estalo achando que vai doer.
21 - O modo com que pedem perdão quando o estalo dói mesmo (embora jamais admitamos que doeu).
22 - O jeitinho de dizerem "Estou com saudades".
23 - A saudade que sentimos delas.
24 - A maneira que suas lágrimas têm de nos fazer querer mudar o mundo para que mais nada lhes cause dor.

“Tirado de um site brasileiro”

este acho piada

Um blog ao qual acho mesmo piada ... agora que existem blogs temáticos.. este não podia faltar

www.osmeuspezinhos.blogspot.com

quinta-feira, setembro 14, 2006


Assim como a cera, naturalmente dura e rígida, torna-se, com um pouco de calor tão moldável que se pode levá-la a tomar a forma que se desejar, também se pode, com um pouco de cortesia e amabilidade, conquistar os obstinados o os hostis.
Schopnhauer, filósofo alemão

quarta-feira, setembro 13, 2006

A Criação



E Deus disse: "Que cresça a erva, que a erva dê semente, que
da semente cresçam árvores e dêem frutos".
E Deus povoou a Terra com brócolis e couves-flores,
espinafres, milho e vegetais verdes de todas as espécies,
de forma que o Homem e a Mulher pudessem viver longas e
saudáveis vidas.
E Satanás criou o Mac Donald's e a promoção de dois Big Macs a
dois euros.
E Satanás disse ao Homem: "Queres as batatas fritas com quê?"
E o Homem disse: "Na promoção, com coca-cola, ketchup e
mostarda".
E o Homem engordou cinco quilos.

E Deus criou o iogurte saudável, para que a Mulher mantivesse
a forma esbelta de que o Homem tanto gostava.
E Satanás criou o chocolate.
E a Mulher engordou cinco quilos.

E Deus disse: "Experimentem a minha salada".
E Satanás criou os pratos de bacalhau com creme e marisco.
E a Mulher engordou dez quilos.

E Deus disse: "Enviei-vos bons e saudáveis vegetais e o azeite
para que os possam cozinhar".
E Satanás inventou a gordura hidrogenada, a galinha frita e o
peixe frito.
E o Homem ganhou dez quilos e os níveis de colesterol bateram
no teto.

E Deus criou os sapatos de corrida, e o Homem perdeu aqueles
quilos extras.
E Satanás criou a TV com controle remoto para que o Homem não
tivesse de se levantar para mudar de canal.
E o Homem ganhou mais vinte quilos.

E Deus disse: "Estás passando dos limites, Demónio".
E o Homem teve um ataque cardíaco.

E Deus criou a intervenção cirúrgica cardíaca.
E Satanás criou o sistema de saúde português...
Mas Deus salvou o homem dando-lhe uma nova hipótese ...

Então, Satanás criou o Socrates.
E aí, Deus desistiu!!!!!

segunda-feira, setembro 11, 2006

Hoje muitas pessoas por todo o mundo lembram o 11 de Setembro, eu aproveito para lembrar outros mais perto.
Ontem estive em Entre-os-rios e deixo aqui um poema que estava junto do memorial as vitimas da queda da ponte Heidz Ribeiro


Nada seca tão depressa como uma lágrima
E porque toda a dor é um parto
o amanhã a semente,
esperança renovada no supremo vigor
das asas de um Anjo que observa os ausentes
e te espera na terra arável do sonho.
Triunfo e gloria


Teresa Ribeiro Reis

quinta-feira, setembro 07, 2006

Sobre a imortalidade


Como o ser humano responde às mudanças?

Mal. Sempre muito mal. Um dos mitos mais difundidos no mundo inteiro – o mito do vampiro – reflete essa idéia.

O que é um vampiro? É alguém que, em determinado momento de sua existência, tornou-se imortal. Ou seja, a partir daquele momento seu corpo não mais irá seguir o curso normal da natureza; será jovem para sempre, pode viver o tempo que quiser, sem ter que lidar com os problemas relacionados à idade.

Seu único regime é um pouco de sangue todos os dias, e seu único cuidado com a pele é evitar a luz do sol – mas afinal, isso é um preço muito pequeno diante de todas as possibilidades de uma vida eterna.

Exceto por uma coisa: ele parou no tempo, mas o mundo continua a se transformar ao seu lado. Tudo aquilo com que estava acostumado começa a mudar, e mesmo tendo todo o tempo do mundo para adaptar-se a essas mudanças, o vampiro desejou a imortalidade justamente porque estava contente com o mundo em que vivia; ele não tem nenhum interesse em acompanhar estas mudanças.

Imaginemos um ser humano que tenha se tornado vampiro logo no final da Copa do Mundo de 1986. Podia fumar sem problemas nos aviões, não precisava quebrar a cabeça para escolher o canal de televisão para assistir – afinal as escolhas não eram muitas. Tinha uma atriz como seu símbolo sexual, entendia de carburadores, lutava por seu ideal socialista, convencido que em breve a União Soviética iria ter governantes mais capazes, e os sonhos do povo (chamado de proletariado) seriam finalmente respeitados.

Um belo dia se apaixona por uma estudante de sociologia de 22 anos. Admira sua beleza, seu entusiasmo, seu idealismo. Sugere transformá-la em vampira, mas ela recusa – viu muitos filmes de horror. Também está apaixonada, não deseja perdê-lo, mas impõe uma única condição para seguir adiante com o relacionamento: que ele jamais chupe seu sangue. O vampiro não tem outra escolha além de cumprir sua palavra. Casa-se no civil, para evitar crucifixos mortais.

Vinte anos se passam – voando, pois aconteceram apenas quatro outras Copas do Mundo. A antiga universitária agora tem 42 anos, trabalha em um banco (problemas de desemprego), ou está escrevendo inúteis teses de mestrado, doutorado, apenas para justificar sua vida de estudante profissional. Os carburadores desaparecem da face da terra. Horrorizado, folheia uma revista e vê atriz que era seu símbolo sexual transformada em um produto híbrido, composto de plástica, botox, silicone, revestidos por toneladas de maquiagem no rosto. Sente-se culpado de ter 200 canais de TV, e assistir apenas aos mesmos de sempre.

A União Soviética desmoronou-se. Foi obrigado a abandonar seu amado cigarro (embora não afetasse sua saúde, é bom lembrar que o vampiro é imortal), porque se tornou impossível fumar, seja por causa de leis, seja por causa dos olhares dos vizinhos nos restaurantes. E o que é pior: todo mundo fala em chat, internet, iPod, rave, etc. O vampiro tenta se atualizar, mas tudo parece absolutamente complicado, irritante, fora de propósito. Olha para o computador como se olhasse para um dente de alho – com horror e impotência, jamais irá conseguir manejar aquilo, embora tenha tentado algumas vezes.

Seus amigos estão aposentados, passam os dias jogando baralho – eles tampouco sabem lidar com computador, mas não se incomodam, o grupo envelheceu junto, tem os mesmos interesses, podem dividir experiências.

O vampiro continua jovem. Imortal. Agora tem diante de si a depressão eterna. Tenta suicídio, saindo em pleno sol ou olhando crucifixos, só para descobrir que eram mitos criados pela igreja, e não lhe causam nenhum mal.

Resta-lhe apenas um consolo: ainda tem uma figura política sobre a qual sabe tudo (porque todos os outros governantes do mundo inteiro mudaram).

Mas Fidel Castro também passará. E nada, absolutamente nada, restará do mundo que o vampiro tanto amou um dia.

Paulo Coelho